Instrutor de empresários crítica disposição do Governo Federal para tratar lideranças do setor produtivo
José Augusto de Moraes, psicólogo e coach, afirma que a política econômica do terceiro mandato de Lula "vai na contramão da recuperação econômica do país".
Por Roberto Lopes Jornalista 18/01/2025 - 13h00min - 1 min de leitura
O relacionamento do Presidente da República com a classe empresarial está na berlinda. Para o dublê de psicólogo e “coach” (treinador) de empresários, José Augusto de Moraes, a política econômica do terceiro mandato do Presidente Luís Ignácio Lula da Silva “está na contra-mão de tudo o que possa representar a recuperação econômica do país”.
Natural de Bauru (SP) e formado em escolas dos Estados Unidos, Moraes, de 60 anos, é um dos mais requisitados palestrantes, quando as empresas e corporações bancárias de São Paulo, promovem eventos de caráter motivacional. Na noite da segunda-feira 13, ele falou, pelo telefone, com a reportagem do Jornal de Domingo. Eis alguns trechos dessa conversa:
JD - O senhor está otimista com os esforços do Governo que visam a recuperação econômica do país?
Moraes - Não estou otimista não. Essa opção do Governo de priorizar o lado social, que é justa, mas independente da parte empresarial não é um bom caminho. Lá atrás, quando ele (Lula) colocou o (Henrique) Meirelles como Ministro da Fazenda, foi uma outra versão, um outro olhar para a Economia. E hoje, é amedrontador o que está acontecendo: as estatais dando prejuízo, os gastos aumentando sem se enquadrar no orçamento, a inflação crescendo devagarzinho... Há um degringolamento dos diferentes aspectos econômicos e isso é, exatamente, o contrário de tudo o que eu entendo por recuperação da Economia. Entendo que o Capitalismo está aí, ele faz parte de nós, faz parte do egoísmo humano, então isso não tem volta. A preocupação pela parte social sim, é justa, mas não será resolvida pelo nosso sistema de vida, que é um sistema podre, corrupto, anacrônico. No Governo passado, tínhamos um Ministro da Fazenda com um olhar bem mais pragmático, as estatais todas davam lucro. Mas também não acho que o (ex-Presidente) Bolsonaro seja uma opção, porque o tempo dele já passou, e ele falou demais, não precisava ter falado tanto.
JD – O empresariado, ou parte dele, ainda parece hesitar muito diante do presidente Lula...
Moraes – O empresariado sim, está hesitante, está desconfortável com a Administração do PT. Nós deveríamos ter alguém que exaltasse os empresários, porque empresário é um empreendedor, um cara que corre risco para dar emprego, para multiplicar os empregos, como que nós podemos demonizar os empresários, se queremos salvar a parte social? Com cesta básica? Com o Bolsa-Família? Tem alguma coisa aí que eu não consigo compreender...
JD – O senhor, então, não acredita no sucesso do Presidente Lula nesse seu terceiro mandato...
Moraes – Até agora considero que esse terceiro mandato do Lula foi uma grande perda de tempo. Até mesmo ideologicamente o Brasil vem errando, porque preferiu se associar a governos ditatoriais, totalmente estranhos à índole brasileira, quando deveria estar se aproximando das potências que alcançaram a prosperidade empresarial para resolver seus problemas sociais, como os países nórdicos.
JD – O senhor perdeu a fé no Brasil?
Moraes – Não perdi, mas percebo que os próprios marqueteiros da Administração petista estão bem preocupados com isso. Tanto que incorporaram um apelo à fé dos cidadãos em uma das suas principais peças da propaganda oficial pela televisão.
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