O candidato da Globo

“O PSDB seria o partido que estaria à frente de outros no assédio a Huck”.
Por Roberto Lopes 23/12/2024 - 16h40min - 1 min de leitura
Nos últimos seis ou oito anos, qualquer começo de articulação visando definir os candidatos ao posto de Presidente da República, arrasta para a berlinda os nomes de maior visibilidade pública, mormente se isso envolver alguém da mídia eletrônica, com histórico de contacto positivo e boa desenvoltura junto ao público em geral.
Já foi assim, no fim da década de 1980, com o dublê de empresário e animador de auditório Silvio Santos, que logo atraiu para a sua candidatura, os articuladores Édison Lobão, experiente senador pelo Maranhão, e Marcondes Gadelha, operoso deputado pela Paraíba.
Mais recentemente, diferentes partidos andaram tentando interessar no pleito presidencial o jornalista e apresentador de tevê Luciano Huck: paulista da capital, 53 anos, 1,73 m de altura, salário mensal (supostamente) em torno dos R$ 2 milhões, e um forte magnetismo pessoal, que se traduz por seu desembaraço contagiante para falar e contar histórias.
O PSDB seria o partido que estaria à frente de outros no assédio a Huck.
Perguntas sobre sua possível opção pela política partidária não agradam Luciano. Ele sempre se livra delas desdenhando do assunto, fingindo ser algo que não lhe interessa.
Mas agradar o dono das tardes de domingo na tevê aberta também não é difícil.
Luciano gosta muito de ser definido como “um altruísta”, alguém que se dedica a, desinteressadamente, fazer o Bem. E essa imagem se consolidou fortemente em 2024, com a dedicação do jornalista em distribuir a seu público, a cada início de mês, uma reluzente barra de ouro, orçada em 1 milhão de Reais.
Desconforto
A alta direção da Rede Globo já teria emitido sinais de que não gosta do assunto “Huck na política”, de que, antes de enveredar pelos corredores sinuosos (para se dizer o mínimo) de uma campanha ao Palácio do Planalto, Luciano Huck precisaria comparecer ao RH da Globo, em São Paulo, munido de uma inequívoca carta de demissão.
Mas ninguém acredita, de verdade, que ter um funcionário de grande prestígio na Praça dos Três Poderes, em Brasília, comandando o país, seria motivo de desagrado e desapontamento para a Família Marinho, controladora das poderosas Organizações Globo.
Sinal de que “a casa” dos Marinho joga com essa possibilidade, teria sido, no ano que se encerra, a contratação da estrela Eliana, junto ao SBT. Eliana teria mudado de empregador também por um salário milionário, cercado de promessas e garantias de carreira venturosa na mansão do Plim-Plim.
De resto, é preciso lembrar que nem todas as ações e manobras da Globo representam acertos irretocáveis.
Estão aí, para respaldar tal assertiva, a aposta feita pela emissora no alagoano Fernando C olor de Mello, que a própria emissora, nos mais tarde, contribuiu para enxotar do Palácio do Planalto, e casos menores, de risco mal calculado, como o de lutar bravamente para fazer vigorar a ilusão de que o ex-BBB Gil do Vigor, pode ser transformado em um pródigo “consultor” de Economia Popular...
Às vozes que insistem em lembrar a inexperiência de Luciano Huck para cobiçar, ou, simplesmente pleitear o posto de Presidente da República, cargo mais elevado da política nacional, seus apoiadores argumentam (1) com a juventude do astro global, que, em tese, estaria mais qualificado a interpretar os anseios das camadas jovens do eleitorado, e, sobretudo, (2) sua robusta imagem “altruísta” nas faixas C e D da classe média, o que o habilitaria a sobreviver politicamente no embate com os bolsões Bolsonaristas aí atuantes.
*O jornalista Roberto Lopes foi repórter do Jornal Nacional, da REDE Globo, no período de outubro de 1980 a maio de 1983.
LEIA MAIS:
Leia Também



